
A queixa de dor de cabeça é um dos sintomas mais frequentes referidos nos atendimentos em um consultório ou ambulatório de Neurologia. Muito frequente na população geral. E ter dor de cabeça em algum momento, vamos combinar, faz parte da vida.
Agora… Ter dor de cabeça todo dia, ou quase isso, por meses ou até mesmo por anos a fio, não é normal! Isso é errado. Isso não é vida. Pelo menos, uma vida normal…
E ficar tomando analgésicos todo dia, de forma indiscriminada e sem uma orientação médica, é mais errado ainda, e pode, acredite, ser a principal causa e da continuidade da sua dor de cabeça crônica!
Reconhecendo os Tipos e Buscando o Tratamento Adequado
A cefaleia, comumente conhecida como dor de cabeça, é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50% da população adulta em todo o mundo relata ter tido pelo menos uma cefaleia nos últimos anos (Organização Mundial da Saúde, 2021). Embora muitas vezes consideradas uma condição comum, as cefaleias podem ter um impacto significativo na qualidade de vida e, em alguns casos, podem ser um sinal de problemas de saúde mais sérios.
Tipos de Cefaleia

As cefaleias podem ser classificadas em duas categorias principais: primárias e secundárias.
– Cefaleia Primária: quando não há nenhum problema estrutural ou anatômico, como tumores, aneurismas, anomalias ósseas ou anatômicas, provocando a dor de cabeça, e várias pesquisas demonstram que nestes casos, temos apenas as alterações químicas nas pessoas com este tipo de cefaleia. Essa categoria inclui tipos como a enxaqueca, a cefaleia tensional e a cefaleia em salvas.
– Enxaqueca: Caracterizada por dores intensas, geralmente em um lado da cabeça, acompanhadas de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som.
– Cefaleia Tensional: Geralmente descrita como uma sensação de pressão ou aperto ao redor da cabeça, é a forma mais comum de cefaleia.
– Cefaleia em Salvas: É uma dor de cabeça muito intensa, ocorrendo em padrões ou “salvas”, frequentemente acompanhada de sintomas como congestão nasal.
– Cefaleia Secundária: Essa forma é causada por outra condição, como infecções, lesões na cabeça, problemas vasculares ou tumores. É crucial consultar um médico se a cefaleia for acompanhada de alterações na visão, confusão mental ou dor súbita e intensa.
A Enxaqueca!!!

Tipo de dor de cabeça, que pulsa, de moderada a forte intensidade, geralmente acompanhada de outros sintomas como náuseas, vômito e sensibilidade à luz e ao som. Ela é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, cerca de 15% da população mundial.
Sintomas
Os sintomas típicos de uma enxaqueca incluem:
- – dor de cabeça intensa, que costuma mudar de lado, podendo afetar apenas um lado da cabeça ou os dois, que se não tratada pode durar de quatro a 72 horas
- – náuseas e, às vezes, vômitos
- – fotofobia (sensibilidade à luz) e fotofobia (sensibilidade ao som)
- – piora da dor ao praticar atividades físicas
- – cerca de 30% dos portadores de enxaqueca vão apresentar sintomas neurológicos como alterações visuais ou formigamento, que normalmente ocorrem antes da dor e não devem durar mais que uma hora, a chamada aura de enxaqueca
Causas
A enxaqueca é uma doença genética. Algumas raras formas podem ser causadas pela presença de um único gene alterado, mas a maioria dos portadores serão afetados pela combinação de múltiplos genes que quando associados poderão fazer a doença aparecer. Cerca de 70% dos portadores de enxaqueca apresentam familiares com os mesmos sintomas, ou seja, são também portadores da enxaqueca.
Uma confusão comum é atribuir a presença de um facilitador ou gatilho para a crise de enxaqueca como a causa da enxaqueca. Alterações do humor, como depressão, ou excesso de ansiedade podem se associar ao aumento da frequência das crises, mas não podem ser consideradas como causa da doença. O mesmo se aplica ao uso de álcool ou outros estimulantes, alterações do padrão do sono. E as alterações hormonais observadas no ciclo menstrual pelas mulheres.

A Importância do Diagnóstico Adequado
Embora as cefaleias sejam comuns, é fundamental não ignorá-las. O diagnóstico correto é essencial para determinar o tratamento adequado. Segundo a American Migraine Foundation, muitos pacientes que sofrem de cefaleias crônicas não recebem o tratamento necessário, levando a uma diminuição significativa na qualidade de vida (American Migraine Foundation, 2020). Um neurologista pode ajudar a identificar a causa subjacente da dor de cabeça e desenvolver um plano de tratamento personalizado.
O diagnóstico na maioria dos casos é clínico, ou seja, não depende da realização de testes ou exames. Para se diagnosticar e alguns passos são essenciais:
- – anamnese: entrevista feita com o(a) paciente em que o(a) profissional da saúde faz perguntas detalhadas sobre os sintomas, o que inclui a descrição da dor de cabeça, a frequência e a duração dos episódios, a localização da dor, a presença de sintomas e qualquer fator que ative uma crise de enxaqueca
- – exame físico: realizado para descartar outras condições médicas que possam causar os sintomas
- – histórico médico: revisão da história médica pessoal e familiar para identificar fatores de risco genéticos e outras condições médicas que possam estar relacionadas à enxaqueca

Fatores desencadeantes
A concomitância de outros problemas de saúde, como distúrbios reumatológicos ou ortopédicos associados, fibromialgia, síndrome miofascial, artrose ou hérnias de disco, além de fatores como o gênero (sexo feminino), uso excessivo e indiscriminado de analgésicos, sintomas psiquiátricos, como a depressão e a ansiedade, presença de obesidade ou consumo exagerado de cafeína e derivados, estão entre os fatores predisponentes para o desenvolvimento de cefaleia crônica.
Vários fatores podem desencadear cefaleias, incluindo:
– Estresse: Um dos principais fatores associados à cefaleia tensional.
– Alterações hormonais: Muitas mulheres relatam enxaquecas associadas ao ciclo menstrual.
– Alimentação: Certos alimentos e bebidas, como chocolate, café e álcool, podem ser gatilhos para algumas pessoas.
– Falta de sono: A privação do sono pode aumentar a frequência e a intensidade das cefaleias.
Manter um diário de cefaleia pode ajudar os pacientes a identificar padrões e gatilhos específicos, facilitando o controle da condição.
Tratamento e Prevenção
A medida mais importante: Se o paciente usa muitos analgésicos, ou remédios para dor de cabeça, a primeira e urgente medida: Parar de tomar todos os analgésicos.
O uso indevido e indiscriminado é um grande vilão da história, e leva à perpetuação do ciclo da dor, ou seja, o próprio analgésico gera cada vez mais e mais dor! É muito louco isso, mas é VERDADE!
O tratamento das cefaleias varia conforme o tipo e a gravidade. Opções incluem medicamentos para alívio da dor, terapias preventivas e mudanças no estilo de vida. Ter hábitos saudáveis, como manter uma dieta equilibrada, hidratação adequada, sono regular e técnicas de gerenciamento de estresse, pode ajudar a reduzir a frequência das cefaleias.
Importante: saber que o tratamento desta condição é a médio e longo prazo, no mínimo por 3 a 4 meses, podendo se chegar até 12-24 meses, dependendo da gravidade e do tempo de sintomas referidos.
Conclusão
Cefaleias não devem ser subestimadas. Se você sofre de dores de cabeça frequentes ou intensas, é importante consultar um neurologista para avaliar sua condição e discutir opções de tratamento. Não deixe que a dor de cabeça interfira na sua qualidade de vida. Agende uma consulta hoje mesmo.